Deslizando entre as Estrelas
“La La Land” vence sete prêmios, quebra recorde e faz
história no Globo de Ouro
por Fábio Dantas Flappers
A 74ª Cerimônia do Globo de
Ouro, realizada na noite de domingo, estabeleceu um record inédito: “La La Land
– Cantando Estações” (La La Land), venceu todos os sete prêmios aos quais foi
indicado e tornou-se o maior recordista na História da premiação da HFPA, a
Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. O filme venceu nas categorias
de Filme – Comédia ou Musical, Direção e Roteiro (Damien Chazelle), Ator
– Comédia ou Musical (Ryan Gosling), Atriz – Comédia ou Musical (Emma Stone),
Trilha Sonora Original (Justin Hurwitz) e Canção Original, “City of Stars”
(Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul). O fato sem precedentes deixou todos
atônitos no The Beverly Hilton e ao final da noite era visível o clima de
celebração e genuína emoção. O filme é uma ode à velha Hollywood dos antigos
musicais, à cidade de Los Angeles e aos artistas, ao próprio ato de criar e
coragem para mergulhar em uma carreira tão instável, e ao mesmo tempo tão
essencial. Como seria dito mais tarde naquele palco: “Pegue seu coração partido
e transforme-o em arte”.
O
jovem diretor e roteirista Damien Chazelle – que completa 32 anos no próximo
dia 19 – atingiu um feito raro. Em vários aspectos, sua carrreira configura
algo raro. Já em seu segundo longa, “Whiplash”, 2014, obteve cinco indicações
ao Oscar, vencendo três e recebendo sua primeira na categoria roteiro adaptado
– o filme é baseado em seu próprio curta-metragem realizado em 2013, com o
mesmo J.K. Simmons, que viveria o mesmo personagem no longa e viria a ganhar um
Oscar. O sucesso de crítica e público conquistados pelo filme de pequeno
orçamento permitiu que Chazelle entrasse pelas portas da frente em Hollywwod e
fosse considerado o mais novo queridinho. “La La Land” é a prova definitiva de
que Chazelle soube aproveitar com louvor a oportunidade. Os atores Ryan Gosling
e Emma Stone, jovens e talentosos, também atingem com o filme o estrelato
absoluto. E é sempre gratificante que isso aconteça com quem tem talento de
fato. A vitória de ambos solidifica ainda mais suas carreiras ascendentes e
muito bem conduzidas.
Na
categoria Drama, “Moonlight”, de Barry Jenkins, venceu o prêmio de Melhor
Filme, batendo seu competidor direto, “Manchester À Beira-Mar” (Manchester by
The Sea), de Kenneth Lonergan. Os dois filmes de pequeno orçamento tem recebido
honras por onde passam, e ‘”Manchester” era favoritíssimo ao prêmios de Roteiro
e Ator – Drama. Lonergan surpreendentemente perdeu o de roteiro para Chazelle –
além de musicais raramente ganharem prêmios na categoria, vale ressaltar que o
roteiro era justamente o elo mais fraco de “Whiplash”.
Já
Casey Affleck confirmou-se como a maior unanimidade dessa temporada ao vencer
como ator. Se já tinha oferecido uma das maiores performances da década passada
em “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (The Assassination
of Jesse James by the Coward Robert Ford), de Andrew Dominik, 2007, pelo qual
conquistou sua primeira indicação ao Oscar, aqui nos brinda com uma performance
avassaladora, transitando brilhantemente por zonas dificílimas, revelando
sutilezas e minimalismo que só um ator monumental é capaz de atingir. O Globo
de Atriz foi para a excelente francesa Isabelle Huppert. Foi uma surpresa em
uma categoria bem dividida e um feito notável, sobretudo por se tratar de uma
performance em idioma estrangeiro. Mais surpreendente ainda foi o filme dar o
prêmio de Filme Estrangeiro para a França, contrariando o favoritismo de
“Toni Erdmann”, da Alemanha.
Surpreendentemente
também foi a vitória de Aaron Taylor- Johnson como Ator Coadjuvante por
“Animais Noturnos” (Nocturnal Animals), o excelente noir-metalinguístico
dirigido por Tom Ford. A composição de Taylor-Johnson é excelente em um
personagem chave na trama dentro da trama do filme, mas sua vitória não era
esperada. O extremo oposto do prêmio de Atriz Coadjuvante para Viola Davis,
como a matriarca de “Fences”, favorita absoluta. Davis, atriz de valiosíssimos
recursos, solidifica sua posição como um dos mais interessantes nomes a se
impor no Cinema nos últimos anos.
Ao
receber o prêmio honorário Cecil B. De Mille, Meryl Streep fez um discurso
antológico sobre política, respeito às diferenças, liberdade de imprensa e o
potencial das Artes para ampliar a percepção, sensibilidade e generosidade. Sem
citar nomes, fez duras e justas críticas ao republicano Donald Trump, eleito
Presidente dos EUA em novembro.
Em tempos duros e áridos, um musical esperançoso mas fincado na realidade como “La La Land” pode ser o ponto de equilíbrio perfeito entre a necessidade de pragmatismo e resiliência e a capacidade de sonhar, cantar, dançar e contemplar as estrelas.
Em tempos duros e áridos, um musical esperançoso mas fincado na realidade como “La La Land” pode ser o ponto de equilíbrio perfeito entre a necessidade de pragmatismo e resiliência e a capacidade de sonhar, cantar, dançar e contemplar as estrelas.
Vencedores
do 74º Globo de Ouro – Cinema
Melhor Filme – Drama
“Moonlight”
Melhor Filme – Comédia ou Musical
“La La Land –
Cantando Estações” (La La Land)
Melhor Diretor
Damien Chazelle, “La La Land”
Melhor Ator – Drama
Casey Affleck, "Manchester À Beira-Mar (Manchester by the Sea)
Melhor Atriz – Drama
Isabelle Huppert, “Elle”
Melhor Ator – Comédia ou Musical
Ryan Gosling, “La La Land”
Melhor Atriz – Comédia ou Musical
Emma Stone, “La La
Land”
Melhor Ator Coadjuvante
Aaron Taylor-Johnson, “Animais Noturnos” (Nocturnal Animals)
Melhor Atriz Coadjuvante
Viola Davis, “Fences"
Melhor Roteiro
Damien Chazelle, “La
La Land”
Melhor Filme de Animação
“Zootopia”, de Byron Howard e Rich Moore.
Melhor Filme em Língua Estrangeira
“Elle” (Elle), de Paul
Verhoeven, França
Melhor Trilha Sonora Original
Justin Hurwitz, “La La Land”
Melhor Canção Original
“City of Stars”, de Justin
Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul, “La La Land”
Para ver a lista completa de
Vencedores do Golden Globe, vá ao site da HFPA: http://www.goldenglobes.com/winners-nominees
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